domingo, agosto 20, 2006

Ira de deus






















Aguste Roodin. A Porta do Inferno, linda escultura em bronze, a exposição esteve em São Paulo e eu fui... A perfeição nos movimentos e detalhes é incrível... Ela reflete muitos pecados, entre eles o amor..

Palavras que descrevem algo... Acho que muitas pessoas se sentem assim... Condenadas pela ira de deus, pela moral de uma sociedade um tanto quanto estranha...
Abrazos à todos!

Nos tempos em que os humanos nasceram, havia um deus, um deus que tudo criou. Eram tempos de luz, tempo de felicidade. Neste tempo, o dia em que o sol brilhou, caiu sobre nós a ira de deus. Caímos em pecado e trevas.
Sobre mim recaiu a solidão, vi-me afastado do mundo, caminhando junto com a humanidade, ao mesmo tempo em que caminhava só, tornei-me infeliz. A ira de deus recaiu sobre aqueles que eram sua imagem e semelhança. E eu abandonado em noite eterna chorei tua partida. A partida de meu amor.
Eu fruto do ventre da terra, imagem e semelhança de meu deus, pequei e cai em direção ao inferno. E cada dia me afasto mais de meu amor e vejo que mais as portas do inferno se abrem. Posso ver claramente os amantes náufragos a me esperar, o Pensador a me observar e a Bela a me receber. Vejo os portais do inferno...
Amar é a falha que herdamos do nosso deus, e ele nos pune com sua ira e indiferença, condenando aos infernos aqueles que amam de forma pura, pois neles vê sua própria fraqueza. Eu aguardo a punição que me espera.
Aguardo pois não tenho escolha, o inferno não necessita ser a morada dos demônios pode ser apenas a vida terrena em solidão. Eu me pergunto onde você está?, por que me deixou?... E nada ouço com resposta, somente sinto a ira de deus... E em noite eterna vivo... Almejo pela volta do dia em que o sol brilhou.
Mas o pecado nos separa, o amor, sublime amor, que o poeta recita, o amor que o deus diz respeitar, obedece a regras e se as quebras sois pecador, e eu sou pecador, sou um ser condenado pela ira de deus...
Mas espero que haja um dia no qual o sol brilhará novamente e não seremos atacados pelos cães da moral e seremos felizes, sob a luz que ofuscará tudo que nos pode prejudicar, a luz que ofuscará a ira de deus...

quarta-feira, agosto 02, 2006

Sacrifício


















No meio da noite ouvi teu grito
Em meio aos teus gritos de horror vi o vulto
Enquanto teu sangue escorria pelo altar
Vi em minhas mãos o reflexo negro
A negra cor do sangue sob a lua cheia
Sacrifiquei a ti que tanto amei
Dei tua vida em homenagem aos deuses
Deuses que nem sei se existem
Peco com minha fé
Mas mais pequei ao te fazer dar o grito
O grito que selou teu sono eterno
O grito de dor, o grito que silenciou minha alma
Em teu corpo sem vida dei um beijo
E senti a ira, mas não a dos deuses.
Senti minha ira, o ódio de mim mesmo!
O ódio por matar o ser que amava
Hoje sei que não sacrifiquei apenas a ti
Sacrifiquei meu amor e a mim mesmo!