Retorno - 2 contos
Um salão vazio... Assim sinto minha minha, um salão vazio onde se toca música e por vezes há festas...
Quase um ano depois retorno... Espero que alguém leia ou ache este blog!
Vão dois contos aqui, incentivos de Nívea minha amiga do Norte, que um dia conheço ao vivo e me leva pra comer as coisas estranhas daquela terra tão longínqua para mim!
Sem título
Estava eu deitado, a meia luz apenas via um cálido reflexo alaranjado que tenuemente iluminava o salão. Que lindo salão com suas paredes douradas e colunas romanas, o belo teto recoberto de uma pintura antiga que lembrava uma floresta com lindas ninfas escondidas atrás de cada folha. Naquela tarde chuvosa notei como nunca havia notado antes as cortinas de veludo que mandara trazer do oriente... Ouvia ao longe o roçar da seda cara dos vestidos das damas que alegremente dançavam em minha casa nos jantares que oferecia.
Ouvia vozes, ouvia passos, ouvia o roçar dos tecidos e o tilintar dos copos, mas não me animava a levantar e juntar-me àquela multidão, conseguia apenas olhar o cálido reflexo alaranjado e minhas cortinas rubras como o sangue. Ouvi bem ao longe uma missa, escutava as palavras em latim e desejava que a alma que recebia tais lamentos descansasse... Pensava como seria triste o dia de minha morte, quando nunca mais veria minha Katrina, minha doce filha de melenas negras como a noite e olhos castanhos herdados de Lucila, sua mãe, dama de uma grande casta espanhola.
Ignorei o som da triste missa e passei a pensar em Katrina, lembrando-me como alegremente mostrava seu vestido de algodão cru que podia usar para brincar em nosso jardim acompanhada de seu lindo cachorrinho, que a pequena cuidava com tanto esmero que um dia banhou-o com o mais cara perfume de Lucila. Ao longe se ouvia Lucila a gritar por seu perfume toa caro e raro que apenas era fabricado em Paris, com essências vindas do Egito e Índia. Como ri quando Lucila chegou a mim com cara amuada e disse “Katrina lavou o cachorro com meu perfume! Meu perfume...”, havia no bico que fizera um ar infantil, também pudera estava no auge de seus vinte e dois anos, Katrina tinha cinco e eu vinte e cinco, éramos uma família jovem e feliz.
Tentei rir ao lembrar desse fato que ocorrera apenas havia um ano, mas não senti os músculos de minha face se moverem. De repente escuto os sapatinhos de verniz de Katrina adentrando no salão e um silêncio mórbido, vi seu rostinho se aproximando ao meu. Beijou-me como fazia em todos os domingos preguiçosos, que eu adorava passar deitado em minha cama lendo o jornal e bebendo assan, vindo do Sri Lanka. Como sinto falta das notas amargas daquele chá tão bem fermentado, e as notas doces do jasmim cuidadosamente adicionado por nossa Naná.
A voz infantil de Katrina disse “Adeus papá... Fique com os anjos e cuide mim”, pensei comigo “Sempre por ti estarei minha filha amada...” De repente refleti no que minha pequena disse e vi Lucila com uma aparência mórbida, olhos fundos e cheio de lágrimas me beijar, dizendo “¡Te amo mi amor! Que Diós te guarde...” Notei então que a triste missa era para mim, e que o roçar dos vestidos e o tilintar dos copos eram meus amigos que vinham se despedir de mim... A linda luz alaranjada era a vela que soberba se levantava ao meu pé iluminado o salão de rubras cortinas onde jazia meu corpo. Morri na noite antes do dia chuvoso onde este fato que lhes conto aconteceu, a tuberculose me levou, mas não levou de minha alma minha Katrina e minha amada Lucila, por quem olho, por quem oro...
Beijos para todos
P.A.
Vão dois contos aqui, incentivos de Nívea minha amiga do Norte, que um dia conheço ao vivo e me leva pra comer as coisas estranhas daquela terra tão longínqua para mim!
Sem título
Estava eu deitado, a meia luz apenas via um cálido reflexo alaranjado que tenuemente iluminava o salão. Que lindo salão com suas paredes douradas e colunas romanas, o belo teto recoberto de uma pintura antiga que lembrava uma floresta com lindas ninfas escondidas atrás de cada folha. Naquela tarde chuvosa notei como nunca havia notado antes as cortinas de veludo que mandara trazer do oriente... Ouvia ao longe o roçar da seda cara dos vestidos das damas que alegremente dançavam em minha casa nos jantares que oferecia.
Ouvia vozes, ouvia passos, ouvia o roçar dos tecidos e o tilintar dos copos, mas não me animava a levantar e juntar-me àquela multidão, conseguia apenas olhar o cálido reflexo alaranjado e minhas cortinas rubras como o sangue. Ouvi bem ao longe uma missa, escutava as palavras em latim e desejava que a alma que recebia tais lamentos descansasse... Pensava como seria triste o dia de minha morte, quando nunca mais veria minha Katrina, minha doce filha de melenas negras como a noite e olhos castanhos herdados de Lucila, sua mãe, dama de uma grande casta espanhola.
Ignorei o som da triste missa e passei a pensar em Katrina, lembrando-me como alegremente mostrava seu vestido de algodão cru que podia usar para brincar em nosso jardim acompanhada de seu lindo cachorrinho, que a pequena cuidava com tanto esmero que um dia banhou-o com o mais cara perfume de Lucila. Ao longe se ouvia Lucila a gritar por seu perfume toa caro e raro que apenas era fabricado em Paris, com essências vindas do Egito e Índia. Como ri quando Lucila chegou a mim com cara amuada e disse “Katrina lavou o cachorro com meu perfume! Meu perfume...”, havia no bico que fizera um ar infantil, também pudera estava no auge de seus vinte e dois anos, Katrina tinha cinco e eu vinte e cinco, éramos uma família jovem e feliz.
Tentei rir ao lembrar desse fato que ocorrera apenas havia um ano, mas não senti os músculos de minha face se moverem. De repente escuto os sapatinhos de verniz de Katrina adentrando no salão e um silêncio mórbido, vi seu rostinho se aproximando ao meu. Beijou-me como fazia em todos os domingos preguiçosos, que eu adorava passar deitado em minha cama lendo o jornal e bebendo assan, vindo do Sri Lanka. Como sinto falta das notas amargas daquele chá tão bem fermentado, e as notas doces do jasmim cuidadosamente adicionado por nossa Naná.
A voz infantil de Katrina disse “Adeus papá... Fique com os anjos e cuide mim”, pensei comigo “Sempre por ti estarei minha filha amada...” De repente refleti no que minha pequena disse e vi Lucila com uma aparência mórbida, olhos fundos e cheio de lágrimas me beijar, dizendo “¡Te amo mi amor! Que Diós te guarde...” Notei então que a triste missa era para mim, e que o roçar dos vestidos e o tilintar dos copos eram meus amigos que vinham se despedir de mim... A linda luz alaranjada era a vela que soberba se levantava ao meu pé iluminado o salão de rubras cortinas onde jazia meu corpo. Morri na noite antes do dia chuvoso onde este fato que lhes conto aconteceu, a tuberculose me levou, mas não levou de minha alma minha Katrina e minha amada Lucila, por quem olho, por quem oro...
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Curto como a vida
- Você me ama?
- Claro que sim...
- Então me beija...
E nada senti, apenas o frio daqueles que são abandonados, mas eu podia ouvir sua alma do meu lado, pois nossos corpo não mais viviam... Sabia que me amava, mas seu corpo inanimado não mais poderia tocar meu corpo lívido e pútrido
---------------------Beijos para todos
P.A.